21 de mar. de 2017

Resenha - 1984


Título original: 1984
Autor(a): George Orwell
Número de Páginas: 414
Editora: Companhia das Letras
Nota: 💘💘💘💘💘/5 (+ listinha de favoritos)

Sinopse: 1984 é uma das obras mais influentes do século XX, um inquestionável clássico moderno. Publicado em 1949, quando o ano de 1984 pertencia a um futuro relativamente distante, tem como herói o angustiado Winston Smith, refém de um mundo feito de opressão absoluta. Em Oceania, ter uma mente livre é considerado crime gravíssimo, pois o Grande Irmão (Big Brother), líder simbólico do Partido que controla a tudo e todos, “está de olho em você”.


Resenha: Talvez seja um pouco difícil falar sobre esse livro sem contar muito ou soltar algum spoiler, mas vou tentar porque, além de incentivar os meus amigos e conhecidos a lerem, queria suscitar alguns pontos e refletir sobre os personagens.

1984 é uma distopia que foi escrita por George Orwell ou Eric Arthur Blair (seu nome verdadeiro) em 1949 e nos apresenta um futuro um tanto quanto difícil de viver e bastante tirânico. Vale lembrar que na época em que o autor terminou de escrever o livro, o nazismo, fascismo e a segunda guerra mundial ainda eram uma realidade bem próxima da sua. Então, vamos tentar imaginar como tudo isso pode e deve ter afetado o Orwell de alguma forma e, consequentemente, o livro que ele estava escrevendo.

"Sabemos que ninguém toma o poder com objetivo de abandoná-lo. Poder não é um meio, mas um fim." 📓

O universo que Orwell nos apresenta é um no qual o mundo está dividido em três grandes superestados: Oceania, Lestásia e Eurásia. E todos eles são governados por partidos tirânicos, repressores e totalitários. Assim, a nossa trama se passa em uma cidade da Oceania, onde um dia foi Londres, em um Estado que é governado pelo Socing e que tem na figura do Grande Irmão (Big Brother) seu líder que “está de olho” em tudo. A sociedade da Oceania se divide em três: o núcleo do partido – que é a mais alta camada-, partido externo – que é mais baixa do partido e a qual o personagem principal do livro faz parte- e os proletas – a mais baixa de todas.

O governo controla literalmente tudo que há, tudo que as pessoas fazem, tudo que as pessoas possam pensar e até mesmo o passado. As famosas teletelas, que estão instaladas em qualquer lugar público ou privado, observam tudo, todos e estão atenta a qualquer indicio de pequena mudança de expressão facial ou humor que alguém possa ter ao assistir uma notícia ou programa. Assim, essas teletelas são uma das ferramentas que o governo tem de te espionar e saber sobre a sua vida.



Imaginem, zero privacidade até para ir ao banheiro. Sem contar que nessa onda toda de zero privacidade, liberdade qualquer coisa mínima, um questionamento bobo ou apenas o fato de alguém ser um pouco mais inteligente pode fazer com que a pessoa suma. Isso mesmo suma, você não só é preso, vai trabalhar em um campo de trabalho forçado ou morrer... O governo faz com que você nunca tenha existido, você é evaporado do sistema e todas as provas que possam mostrar que um dia você existiu somem. E todos sabem disso, mas é algo que ninguém admite em voz alto ou pensa muito porque até pensar muito pode ser um crime, né.

Bem, esse é o mundo em que vive o Winston, personagem principal da história, que é um funcionário do Partido e trabalha no Ministério da Verdade. O trabalho dele tem a ver com que falei ali em cima já que ele é encarregado de modificar as notícias, os jornais, para que tudo que o partido fale ou faça esteja comprovado. Dessa maneira, o partido sempre tem razão, sempre prevê tudo e tem o poder de fazer com que alguém ou algum acontecimento nunca tenha existido e seja eliminado de qualquer fonte possível. Então, esse personagem começa a ter alguns pensamentos que podem ser considerados pensamento crime, em novafala – que é o novo idioma da Oceania que o partido criou e está finalizando- além de fazer algo que não deveria: começar um diário. Assim, além de começar a pensar em certas, o nosso Winston começa a escrever aquilo que pensa. Imaginem o tamanho da encrenca que isso pode gerar.

E é a partir daí que a história vai se desenrolando na primeira parte. Primeira parte? Sim, o livro é dividido em três partes e cada uma conta um pouco sobre alguma coisa. Na primeira, somos apresentados a sociedade, conhecemos um pouco mais sobre o partido, a vida do Winston e o que ele pensa. Na segunda, já vamos acompanhar o envolvimento do nosso personagem principal com a Julia, uma colega de trabalho, que meio que vira seu par romântico, digamos assim. Na terceira e última parte, já vemos o Winston quando aceita esse seu lado mais revoltado contra o Partido e o desenrolar das decisões que ele, e a Julia também, tomaram.

Eu chamo atenção para personagem da Julia que, como eu falei, vamos conhecer melhor na segunda parte; Julia é diferente das outras mulheres da sociedade do Winston é livre de inúmeras formas e, principalmente, sexualmente. É importante destacar isso porque sexo é só pra procriação e mulheres não devem sentir prazer; e ela meio que anda na contramão de toda essa ideologia. Além dela, temos também o O’Brien que é um cara que faz parte do núcleo do partido e se aproxima do Winston nessa fase mais rebelde dele. Eu poderia falar mais sobre, mas falar mais significaria contar coisas que não devo contar e dar spoilers 😉

Dessa forma, Orwell criou uma história magistral ao me ver e que provoca uma grande reflexão com sua escrita simples, mas carregada de significados. O que mais incomoda não é o Winston ser o personagem falho ou difícil como pessoa que ele é, ou a Julia ser cheia de ideias ou o O’Brien com seu jeitão um quanto que suspeito.... o que causa uma estranheza e algo dentro de você é a falta de liberdade, a falta de espaço próprio, a maneira como parece que não tem saída, que não tem escapatória. Isso mexe com a sua cabeça e faz você refletir bastante. Pelo menos comigo foi assim, sabe.



Eu terminei o livro bem passada com alguns acontecimentos e me questionando sobre várias coisas. E, principalmente, terminei o livro tendo que pra mim... a Julia é uma grande personagem visto que ela é livre numa sociedade onde ser livre é um crime mesmo que você seja livre de pensamento, sabe. Acho ela uma personagem bem interessante e que me instigou bastante ao longo da história sem contar que me fez repensar certos acontecimentos. Assim, a Julia foi meu grande destaque da história 💙

E o Winston? Ai, gente. É difícil falar do Winston porque não quero soltar nenhum spoiler e provocar ódio, mas achei algumas coisas  que ele faz não muito admiráveis. Eu não virei fã ou senti uma ligação profunda porque pelo início do livro... senti bastante desconforto com a pessoa, mas ele é diferente do resto em muitos aspectos. É só isso que tenho a dizer. No mais, eu recomendo a história e acho que vai ser bem difícil escolher entre A Revolução dos Bichos ou 1984 como meu livro favorito do autor. 

Por @Larill 

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